Friday, May 30, 2008

"Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
(...)
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido"
(...)

Pablo Neruda

"Esta noite posso escrever os versos mais tristes(...)
É tão breve o amor, e tão longo o esquecimento (...)"

Monday, March 24, 2008

Algo que me fez sorrir nesta Páscoa.

"(...)Os paroquianos pareciam atordoados, mas felizes. A única coisa que os bons católicos amam mais do que a Deus é uma Eucaristia curta. Guardem o órgão, o coro, o incenso e os cortejos. Dêem-lhes um padre com um olho na Bíblia e outro no relógio e encherão a igreja como se fosse um sorteio de perus na semana anterior ao Dia de Acção de Graças."
Prayers for Rain, Dennis Lehanne

Saturday, December 01, 2007

Ela adora as noites de nevoeiro cerrado. Há nelas um chamamento irresistível. A cada passo o abismo, o desconhecido.
If I make the lashes dark
And the eyes more bright
And the lips more scarlet.
Or ask if all be right
From mirror after mirror.
No vanity displayed
I'm looking for the face I had
Before the world was made.
(...)
William Butler Yeats(1865.1939)

Tuesday, July 10, 2007

Elegia a um ataque de Pânico

Um grito surdo domina todo o meu ser.
Vou morrer, vou morrer.
O coração parte sem volta,
Bate acelerado.
As mãos liquefeitas
Tremem soltas, abandonadas.
Vou morrer, vou morrer.
A angústia cresce, agiganta-se.
Ondas de ânsia lambem gulosas o meu corpo sem norte.
As coordenadas esbatem-se num imenso sentir
De penosa morosidade.
Vou morrer, vou morrer.
Subitamente, tudo termina.
Já sem forças espraio-me no nada
E, num sussurro ardente,
Ouço a solidão.

Friday, June 29, 2007

Ela e o silêncio. Senta-se à janela na salinha verde. Num sétimo andar olha o betão à sua volta. Prédios e mais prédios cercam-na. Caixinhas rectangulares com inúmeros orifícios.
Aqui e acolá, pequenos oásis. Copas de árvores esqueléticas, expectantes. Os edifícios, viris, partem do solo determinados em direcção ao céu. As árvores , tímidas e virginais, espreitam a luz que teima em refugiar-se noutras superfícies, estéreis. Como horizonte o betão refastelado num imenso azul baço.
Um CD - The Story, de Brandie Carlile

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am (...)

Um livro - Extremely Loud and Incredibly Close, de Jonathan Safran Foer


(...) Another good thing is that I could train my anus to talk when I farted. If I wanted to be extremely hilarious, I'd train it to say, "Wasn't me!" every time I made an incredible bad fart(...)

Thursday, June 28, 2007


Ela nasceu com um dom, para outros uma maldição. Ela ouve. As pessoas, por vezes anónimas, contam-lhe grandes, pequenos segredos. Segredos bem guardados, segredos de polichinelo, boatos e cusquices. Ela ouve. Mais tarde no seu quarto escuro equaciona estes segredos. Como peças de um puzzle tenta fazer sentido de tudo o que lhe foi dito. Não consegue. As personagens de todas estas narrativas movimentam-se de forma errática. Por vezes, fecha os olhos e, numa perspectiva de conjunto, consegue decifrar as cordas desfiadas de um Deus ex machina. Cordas indiferentes que manietam pobres fantoches contristados. E, afinal onde está o "and they lived happily ever after" dos contos de fadas? A dada altura o pano cai e descobrirmos que o príncipe não beija a bela adormecida com o propósito de a salvar do sono eterno, da morte..., mas simplesmente porque lhe apeteceu. E isto aplica-se a quase todos os planos da nossa vida. Resume-se tudo a um simples e singelo capricho.

Tuesday, June 26, 2007



Porque eu não parei para a Morte -
Parou ela para mim, por amabilidade -
Na carruagem cabíamos só Nós -
E a Imortalidade.
Emily Dickinson (1830-86)

Sunday, May 27, 2007

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
(...)
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I-
I took the one less traveled by
And that has made all the difference.

The Road Not Taken, Robert Frost
As palavras e as histórias secretas...

Wednesday, May 23, 2007

Na cidade desalinhada onde eu vivo, há uma senhora - que passarei a designar por Y- com a qual me cruzo quase todos os dias há mais de cinco anos. A senhora Y vive nas ruas, dorme nos jardins, desfalece etilizada nos passeios e, quando chove, abriga-se nas entradas dos edifícios. Come directamente dos contentores onde deitamos o lixo e faz as suas necessidades a ceú aberto. Quando passo por ela, a senhora Y saúda-me de forma entusiástica sempre com o mesmo "Olá, Dona Rosa!". Uma Dona Rosa de um passado muito longínquo, imagino. Resquícios de uma sanidade mental perdida. Estendo-lhe a moedinha piedosa com a qual ela compra cerveja ou cigarros.
Há anos que a senhora Y, em Inglês Y lê-se /wai/, sobrevive nesta urbe. A sua persistência em sobreviver causa as mais variadas reacções: pena, asco, raiva e até revolta. Muitos interrogam-se sobre o porquê - why?- da sua não existência. Contra tudo e contra todos, a senhora Y não se volatiliza.

Tuesday, May 22, 2007

"Whoever you are- I have always depended on the kindness of strangers"

ou seja

"Whoever you are-I have always depended on the Kindness of strangers." Blanche
(Tennessee Williams, A Streetcar Named Desire)
...