Friday, June 29, 2007

Ela e o silêncio. Senta-se à janela na salinha verde. Num sétimo andar olha o betão à sua volta. Prédios e mais prédios cercam-na. Caixinhas rectangulares com inúmeros orifícios.
Aqui e acolá, pequenos oásis. Copas de árvores esqueléticas, expectantes. Os edifícios, viris, partem do solo determinados em direcção ao céu. As árvores , tímidas e virginais, espreitam a luz que teima em refugiar-se noutras superfícies, estéreis. Como horizonte o betão refastelado num imenso azul baço.

7 comments:

redonda said...

Gostei muito.

roldeck said...

Enviei, como amigo da Redonda, um comentário que não terá chegado a bom Porto.

roldeck said...

Tentando recuperar o comentário que tinha enviado (e que se perdeu no ciberespaço) começo por sublinhar que só me atrevo a enviar opinião tão quadrada (como as bestas) por insistência de dona Redonda, doutora cujas sugestões são ordens.
Sabendo que quem escreve escreve-se, direi, com todos os riscos da subjectividade, que o discurso deste quarto-escuro é - deliberadamente, a meu ver - ambíguo, como se a autora se confrontasse permanentemente com a dúvida que existe quando um caminho se divide em dois e o caminhante não sabe bem qual escolher.
Esta temática poética do eu e do outro (Rimbaud, Mário Sá Carneiro, Pessoa, e tantos outros, incluindo alguns que se exprimem em língua inglesa) é, de facto, uma escolha sedutora para os leitores, mas, para se impor, terá de levar essa dualidade até às máximas consequências, o que - julgo eu por um fenómeno de auto-censura - ainda não acontecerá.
Que a autora escreve formalmente bem e com clara e segura intencionalidade poética é evidente. Mas a forma, sendo também conteúdo, não basta. Se queremos que a escrita seja libertadora...
Lembro-me ainda que no comentário original referia a resposta de uma grande amiga a quem, na brincadeira, ameaçava mandar para um quarto escuro - "tudo depende de quem pudesse acompanhar-me", disse.
Julgo que fiz esta referência para também sublinhar que me é difícil comentar um texto de alguém que não conheço pessoalmente. Os afectos - como transparece em algundos dos textos do quarto escuro - são fundamentais. Os meus amigos são todos prémios nobel

Fátima said...

Lindo, parabéns!

Fátima said...

Quantas vezes nos encontramos em um quarto escuro...

Unknown said...

Minha querida,
"we’re half-awake in a fake empire".
Enjoy. I find it delicious.

http://www.youtube.com/watch?v=bInf8_B1aQ8
Xi-coração.
Guttula

Unknown said...
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