Friday, June 29, 2007

Ela e o silêncio. Senta-se à janela na salinha verde. Num sétimo andar olha o betão à sua volta. Prédios e mais prédios cercam-na. Caixinhas rectangulares com inúmeros orifícios.
Aqui e acolá, pequenos oásis. Copas de árvores esqueléticas, expectantes. Os edifícios, viris, partem do solo determinados em direcção ao céu. As árvores , tímidas e virginais, espreitam a luz que teima em refugiar-se noutras superfícies, estéreis. Como horizonte o betão refastelado num imenso azul baço.
Um CD - The Story, de Brandie Carlile

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am (...)

Um livro - Extremely Loud and Incredibly Close, de Jonathan Safran Foer


(...) Another good thing is that I could train my anus to talk when I farted. If I wanted to be extremely hilarious, I'd train it to say, "Wasn't me!" every time I made an incredible bad fart(...)

Thursday, June 28, 2007


Ela nasceu com um dom, para outros uma maldição. Ela ouve. As pessoas, por vezes anónimas, contam-lhe grandes, pequenos segredos. Segredos bem guardados, segredos de polichinelo, boatos e cusquices. Ela ouve. Mais tarde no seu quarto escuro equaciona estes segredos. Como peças de um puzzle tenta fazer sentido de tudo o que lhe foi dito. Não consegue. As personagens de todas estas narrativas movimentam-se de forma errática. Por vezes, fecha os olhos e, numa perspectiva de conjunto, consegue decifrar as cordas desfiadas de um Deus ex machina. Cordas indiferentes que manietam pobres fantoches contristados. E, afinal onde está o "and they lived happily ever after" dos contos de fadas? A dada altura o pano cai e descobrirmos que o príncipe não beija a bela adormecida com o propósito de a salvar do sono eterno, da morte..., mas simplesmente porque lhe apeteceu. E isto aplica-se a quase todos os planos da nossa vida. Resume-se tudo a um simples e singelo capricho.

Tuesday, June 26, 2007



Porque eu não parei para a Morte -
Parou ela para mim, por amabilidade -
Na carruagem cabíamos só Nós -
E a Imortalidade.
Emily Dickinson (1830-86)